Projeto estimula prevenção contra a COVID-19 e cuidado a migrantes e refugiados na Amazônia Brasileira

Projeto estimula prevenção contra a COVID-19 e cuidado a migrantes e refugiados na Amazônia Brasileira
Projeto atende 2.795 beneficiários diretos e cerca de 40 mil indiretos


O projeto NPI EXPAND: Resposta à COVID-19 na Região Amazônica Brasileira (fase 2), da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), NPI EXPAND e SITAWI, executado pelo Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR), nas cidades de Boa Vista (RR) e Manaus (AM), teve como objetivo ampliar a prestação de serviços e recursos humanos para o treinamento de saúde relacionado à COVID-19. O projeto buscou alcançar grupos específicos, como a população migrante, crianças e profissionais da área social. Além disso, conectou a população-alvo às informações, ações e serviços de saúde relacionados à pandemia.


Num contexto de aumento do fluxo migratório durante a pandemia, devido entre outras causas ao fechamento da fronteira terrestre entre a Venezuela e o Brasil, se identificaram muitas dificuldades da população migrante e refugiada no acesso ao sistema de saúde no Brasil. Além das próprias dificuldades relacionadas com a aprendizagem do idioma, outros desafios foram identificados nessa população impactando diretamente no acesso à vacinação e às orientações sanitárias para a prevenção do COVID-19 (perda dos cartões de vacinas, desconhecimento dos serviços de saúde pública no Brasil, confusão entre os diferentes níveis de atenção sanitária, baixa procura por orientações e informação divergentes, etc.).

Nesse sentido, e com o intuito de facilitar e interligar essas duas realidades, população migrante e refugiada e sistemas públicos de saúde no Brasil foram realizadas 120 ações, que atenderam 2.795 beneficiários diretos e cerca de 40 mil indiretos. Além disso, foram entregues 1.911 kits de higiene pessoal e realizadas 43 sessões orientativas, 23 Jornadas de Saúde, onde em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) se ofereciam diferentes serviços desde orientações e informação para uma prevenção adequada até diversos exames médicos e a possibilidade de completar a pauta de vacinação no mesmo local, 28 sessões psicossociais, 19 atividades lúdicas e oito treinamentos.


Para a colaboradora do SJMR em Manaus, a analista social e psicóloga Samantha Barbosa, o projeto possibilitou uma nova visão sobre o trabalho humanitário e o cuidado com sua própria vida. “O projeto mexeu muito comigo. Melhorei. Passei a pensar diferente. Entendi que a vida é muito válida. Que a gente sempre lembre de compartilhar porque a gente só vive em comunidade e que cada um tem seu papel por aqui.”, diz.

“Fui abençoada pelo curso de português que recebi, pela palestra de prevenção à COVID-19, pelo kit de higiene pessoal. Tudo é muito importante para continuar a vida aqui no Brasil, que é a minha nova casa, meu novo país, onde nós, migrantes, tivemos muitas oportunidades”, relata uma das beneficiárias do projeto, a venezuelana Omercys Gracia.

Formanda venezuelana recebe kit da analista social do SJMR em Manaus.
Crédito: Ekco Produções


A interculturalidade foi o ponto chave do projeto. “Tivemos a oportunidade de contribuir para o fortalecimento dos trabalhos executados pelos serviços de saúde, com os profissionais, pelas comunidades, com lideranças, migrantes e refugiados, e brasileiros, e, também, a nossa participação e articulação nos espaços públicos”, diz a colaboradora do SJMR em Boa Vista e psicóloga Halaine Bento.


Durante a execução do projeto, foram realizadas 28 atividades psicossociais em formato de rodas de conversas, focadas na linha do cuidado da saúde mental. Essas atividades foram direcionadas aos profissionais da saúde e assistência social que enfrentaram a pandemia e lidam com as consequências psicológicas e emocionais decorrentes da sobrecarga de trabalho, das situações vivenciadas e do luto enfrentado por muitos.


Ao longo dessas atividades, foram alcançados um total de 98 profissionais da saúde e 360 beneficiários em geral. Isso incluiu o público e os profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Convivência, convidados, estagiários e pessoas que demonstraram interesse e necessidade em participar das atividades. Tais atividades contribuíram tanto com materiais e equipamentos para melhorar os atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) estabelecidas como referência para a atenção de casos de COVID-19 e vacinação (Boa Vista), como capacitações e atividades psicossociais que visavam a escutas desses profissionais nos aspetos pessoais e emocionais, que tiveram que enfrentar durante as primeiras etapas da pandemia (Manaus). A própria Secretária Municipal de Saúde em Manaus (SEMSA) reconheceu a importância desses momentos para o pessoal de primeira frente tentando estender e aumentar o número de sessões desenvolvidas, mas não foi possível devido a duração do projeto NPI EXPAND.


As atividades foram realizadas tanto em Boa Vista quanto em Manaus e evidenciaram a necessidade de atendimentos contínuos para profissionais de saúde e público em geral. Isso se deve às dificuldades enfrentadas, aos problemas e situações apresentadas e à importância do cuidado da saúde mental. Essas atividades destacaram a relevância de proporcionar um suporte contínuo e um espaço seguro para que esses profissionais e o público em geral possam lidar com os desafios emocionais e psicológicos relacionados à pandemia.

Siga em nossas redes sociais