
A Conferência de Provinciais Jesuítas da América Latina e do Caribe – CPAL, a Província Centro-Americana da Companhia de Jesus e a Associação de Universidades confiadas à Companhia de Jesus na América Latina – AUSJAL, unindo nossas vozes a dos bispos da Nicarágua e a outros muitos atores sociais, fazemos um chamado urgente à comunidade internacional para que manifeste com firmeza seu repúdio à maneira como o governo da Nicarágua, por meio de seus corpos de segurança, vem desrespeitando os direitos civis consagrados na constituição nacional:
- Reprimindo às manifestações de protesto pacífico;
- Provocando as pessoas e grupos de oposição para justificar sua própria violência;
- Impedindo os direitos de liberdade religiosa e de reunião;
- Aprisionando e desaparecendo com militantes da oposição;
- Acusando seus opositores de delitos não cometidos;
- Impedindo trabalhos humanitários e atos de desobediência civil pacífico;
- Acusando falsa e caluniosamente autoridades da Igreja Católica; entre outros.
Declaramos nossa especial solidariedade ao padre Edwin Román e com todas as mães de família que jejuam em Masaya para pedir que seus filhos presos sejam libertos, assim como os 13 ativistas detidos recentemente por levarem água para aliviar a greve de fome.
Condenamos a invasão na Catedral de Manágua e as agressões contra o padre Rodolfo López e a irmã Arelys Guzmán, assim como o assédio contra diversas paróquias.
Condenamos a provocação dos grupos antimotins aos estudantes da Universidade Centro-Americana – UCA que, novamente, ontem, 19-11-2019, sofreram assédio nas instalações da Universidade Centro-Americana, em Manágua. Rechaçamos e condenamos a tentativa desses grupos, controlados pelo governo, de violar o campus da Universidade.
Solicitamos a Daniel Ortega que ordene imediatamente que cessem os assédios, agressões, violações de direitos humanos e civis dos membros da oposição, e exortamos a todos os responsáveis desses assédios para que mudem a sua postura. “Os nicaraguenses sofrem uma dor muito grande. As famílias que se encontram assediadas carregam um sofrimento duplo: a falta de liberdade de seus familiares encarcerados e, agora, o estado de sítio que atenta contra suas vidas”, afirma o Comunicado da Conferência Episcopal.
A Comunidade Internacional nas organizações humanitárias, religiosas e humanitárias, organismos internacionais, governos democráticos do mundo e, particularmente da Europa e da América, lhes pedimos para exercer seus melhores ofícios para garantir o retorno da Nicarágua ao sistema democrático mediante:
- a exigência pública, do respeito imediato aos direitos civis consagrados na constituição nacional nicaraguense: liberdade de culto, liberdade de mobilização, liberdade de protesto pacífico, liberdade de organização política, liberdade de imprensa e informação, liberdade de pesquisa e educação;
- a condenação internacional pública dos métodos de repressão que deram como resultado mais de 300 pessoas assassinadas, mais de 2 mil nicaraguenses feridos e mais de 700 presos políticos dos quais mais de 150 continuam presos;
- ativação da Carta Democrática Inter-Americana (OEA) para prevenir um derramamento de sangue ainda maior entre o povo nicaraguense, cansado de tanta opressão, miséria e manipulação por parte do regime, assim como para prevenir a intervenção de potências estrangeiras que queiram se beneficiar nesse momento de gravíssima crise política.
Enviamos uma saudação especial e nossa solidariedade a todas as vítimas da violência na Nicarágua. Asseguramos o nosso apoio fraterno e nossa disposição de seguir lutando por uma sociedade mais justa e democrática.
Imploramos a bênção de Deus sobre todos, para que saibamos ser agentes de reconciliação na justiça e na verdade.
Assinam,
Rolando Alvado, S.J. – Provincial da América Central
Ernesto Cavassa, S.J. – Presidente da AUSJAL
Roberto Jaramillo, S.J. – Presidente da CPAL
Tradução: Wagner Fernandes de Azevedo